30 agosto, 2009

Para os portugueses

Escrevo este texto a todos vós, eleitores no próximo escrutínio para a Assembleia da República, no dia 27 de Setembro. Nos últimos tempos, e também de futuro, tomei e tomarei contacto com todas as informações dos vários partidos políticos portugueses. De todos os partidos que até ao momento publicaram os seus programas de governo, li cada um com extrema atenção, para que qualquer juízo não fosse falhado ou injusto. Este texto é uma dissertação, o máximo completa, sobre muitos aspectos que me parecem úteis que todos os portugueses conheçam e que poderão ajudar a tomar uma posição equilibrada e de acordo com as convicções de cada um acerca do que é e será melhor para o nosso país. Os ataques são dirigidos ao PSD; porém, todos os argumentos que vos apresentarei serão acompanhados da respectiva justificação.

Em primeiro lugar, preciso de frisar que sou a primeira pessoa a concordar que um mundo governado por mulheres seria um mundo melhor na maior parte das questões: as mulheres, no seu geral, possuem uma sensibilidade e uma intuição mais vastas do que os homens, em temas como o ambiente, a família ou as dificuldades financeiras de algumas camadas da sociedade. Para os defensores desta teoria, em primeira análise, a líder do PSD pareceria a melhor figura em quem depositar o voto de confiança. No entanto, trata-se de uma mulher que foge aos requisitos que anteriormente apresentei. Senão vejamos:

· Manuela Ferreira Leite mostrou-se já contra a lei que obriga a igual representação parlamentar entre homens e mulheres, considerando que o país não necessita de uma maior representatividade de mulheres nos seus órgãos de soberania;

· Ferreira Leite apresentou já o seu desagrado, assim como concorda com o veto de Cavaco Silva, no que respeita à lei das uniões de facto: uma família deve, na sua opinião, durar do casamento até à morte, sem que duas pessoas se possam simplesmente juntar numa vida a dois sem burocracias suplementares;

· Ferreira Leite discorda, igualmente, da nova lei do divórcio e do aborto: na sua opinião de “mulher”, os casais que pretendem a separação ainda devem estar sujeitos a batalhas judiciais para repartir os bens, sacrificando um laço de amizade que poderia manter-se após o divórcio e condenando os filhos do casal a um sofrimento que pode, com a nova lei, ser mitigado;

· Por último, a líder do PSD julga que o endividamento externo se resolve com a diminuição dos subsídios, nomeadamente de desemprego, agravando as condições de vida de cada vez mais portugueses e portuguesas, em vez de, por exemplo, apostar nas energias renováveis, as quais evitariam as importações avultadas de petróleo e gás natural.

Em resumo, Manuela Ferreira Leite julga possível pôr termo a uma crise económica instalando, no seu lugar, uma crise social. A qualquer um creio que isto não parece viável, ainda mais se nos apercebermos de que as grandes fortunas continuam a surgir em Portugal, pelo que o dinheiro para resolver a crise económica poderia partir daqueles que o têm e não daqueles que nem emprego têm.

Recordemos um episódio histórico e a sua resolução para melhor entendermos a situação mundial da actualidade. A crise económica que mais se aproximou, nos seus contornos, àquela que hoje se vive foi a crise que se seguiu à crise bolsista de 1929. O fecho de fábricas conduziu a uma maré de desemprego; o desemprego diminuiu a procura de bens de consumo; a quebra da procura resultou em fecho de fábricas: um ciclo de agravamento sem saída fácil. Surpreendido com a situação, o presidente dos Estados Unidos da altura empreendeu um conjunto de medidas como as que Ferreira Leite propõe: redução do papel do Estado na economia, através da quebra dos subsídios, privatizações, assim como a suspensão das obras públicas em projecto. Na verdade, estas medidas conduziram a uma crise ainda mais profunda: a população americana viu-se desprovida dos apoios e das condições para sair da crise, o país viu-se a braços com uma enorme dificuldade de criar novos empregos e aumentar as produções, enquanto o Estado, cada vez menos interventivo, ia arrecadando dinheiro que para nada servia enquanto estivesse parado. O país parou: não havia dinheiro e, onde o havia, este não era movimentado. Ora, esta situação contornou-se apenas com a subida ao poder do presidente Roosevelt, que dirigiu medidas de nacionalizações, subsídios aos carenciados, a novas empresas, e também iniciou um regime de obras públicas que absorvia emprego e incentivava diversos motores da economia, ao mesmo tempo que criava as condições e infra-estruturas para maior crescimento económico no futuro, como se veio a verificar. Portanto, parece que só sairemos sãos desta crise mundial com políticas de maior abertura e investimentos, como a esquerda portuguesa (BE, CDU e PS) defende, em vez de cortes abusivos no papel do Estado, privatizando sectores essenciais da economia que deveriam ser de todos e não pertença dos grandes grupos económicos: sectores como a energia, as águas, a segurança social, a saúde e a educação.

Não se deixem enganar: a fuga a alguma má medida e mau projecto do governo PS não está no voto no PSD: para alguma coisa existem cinco, ou mais, partidos em Portugal. Se discorda com o regime de avaliação dos professores, não precisa de votar PSD; se discorda com o TGV, não precisa de votar PSD; assim como se concorda com os apoios sociais, com o investimento público e com novas leis sociais, não tem de votar PS. Mais de 30 anos de governos alternados destes dois partidos deveriam ter servido para a consciencialização dos portugueses. Os governantes apenas aprenderão a lição do nosso desagrado no momento em que se aperceberem de que os dois partidos maiores da política portuguesa têm, nas eleições que se seguem, menos votos do que em quaisquer eleições que tenham decorrido até à data.

Aproveitando a onda, permitam-me completar o raciocínio em relação à Câmara Municipal de Lisboa. Três medidas que Santana Lopes promete implementar caso vença as eleições autárquicas:

· Suspensão dos programas de requalificação urbana dos bairros históricos, como Alfama, Mouraria, Bairro Alto, Castelo ou Mouraria): o buraco do centro de Lisboa, cada vez mais deserto e sem oportunidades, poderá, com Santana Lopes, ver-se eternizado, para desgosto de todos os portugueses que ainda esperam ver estes bairros recuperados e com a aura de séculos passados;

· Suspensão das obras do Terreiro do Paço. Estas obras, das mais úteis que têm existido no nosso país, vêm fazer com que os esgotos de centenas de milhares de lisboetas não vão parar ao rio Tejo sem qualquer tratamento em ETAR’s. Santana Lopes promete cancelar estas obras, considerando-as inúteis e desestabilizadoras do trânsito na capital. Como se os automóveis fossem mais importantes do que o ambiente, numa cidade tão bem servida de transportes públicos como poucas outras na Europa;

· Por fim, construção de mais túneis para automóveis nas grandes avenidas de Lisboa. Lembram-se das obras do Marquês, de pouca utilidade, que sugou toneladas de euros de todos os portugueses e que contribuiu para o fecho de tantos negócios naquela zona de Lisboa… Pois bem, parece que, sob a alçada de uma administração Santana Lopes, vai poder reviver a sensação de uma Lisboa dos carros e endividada (ao mesmo tempo que alguém se sujeitará a levar com prédios de muitos séculos de idade na cabeça).

A decisão cabe a todos nós.
Camarada Fratírio Telmo

13 agosto, 2009

Matar o passado ou dar-lhe a mão

Esse tão insipente senhor da mais alta ambição política, de seu nome Santana Lopes, na actualidade um guerreiro empenhado na conquista e domínio eterno do lugar da presidência da nossa capital, prometeu-nos a todos já, no caso de vencer a tão aguardada eleição do poder local, esquecermos as esperanças trazidas ao longo dos anos e as quais víamos, nos tempos mais recentes, serem triunfadas para enorme alívio dos verdadeiros portugueses. Tudo em nome do problema central que o seu partido-cujo-nome-não-pode-pela-nossa-saúde-mental-ser-pronunciado tem tantas vezes evocado: o défice das contas públicas. Não me refiro ao geral das suas promessas absurdas e indignas de uma cidade como Lisboa, dona e senhora de uma imensidão de qualidades precisas e de problemas exactos que todos reconhecemos; refiro-me antes, e muito em particular, à questão sempre debatida da requalificação urbana.

A ninguém surpreende já a frustração dos bairros mais antigos da cidade de Lisboa: para a sentir e cheirar basta somente caminhar pelas ruas que herdámos da História. Evidentemente que, dependendo de cada sujeito individual, novas prioridades se sugerem: o caso muda de figura ao entendermos, muito facilmente, que uma personalidade da política não deve ser tomada por uma pessoa cujas convicções apresentam a mesma importância do que as das outras pessoas, pelo simples facto de que os políticos se sujeitam, no exercício das suas funções, a uma responsabilidade de que a generalidade das pessoas não sofre: aquele que vier a ser eleito presidente da autarquia lisboeta, imporá as suas ideias às pessoas que vivem na cidade, àquelas que usufruem da cidade e, importa nunca esquecer, à própria cidade, ao seu património e aos seus destinos. O centro da cidade de Lisboa morre a cada dia, morrendo consigo muito daquilo que é mais nosso. E, ao passo que Lisboa aumenta as funções em torno da segunda circular, ou em lugares dotados das mais modernas infraestruturas, como Benfica ou o Parque das Nações, a alma de Lisboa perde-se pela foz do Tejo, e aqueles que usam a cidade de Lisboa, usam-na hoje, em muitas das vezes, como qualquer europeu ou ocidental usa as suas cidades, e não tanto como um lisboeta usaria a Lisboa que é positivamente Lisboa.

É sabido que o Mundo se conduz com destino à homogeneidade sempre mais evidente: cada país se assemelha cada vez mais aos outros, partilhando ideias, culturas, línguas, instituições, moedas, e muito mais. E nesta cunjuntura, que considero alarmante em larga medida, as dissemelhanças que se mantêm entre os países continuam e continuarão a ser, e cada vez mais somente, as características do seu passado - o seu património e as suas tradições. O testemunho de que Lisboa é uma cidade portuguesa e a capital desse grande país é, e não pode ser outro, o ambiente dos bairros que Santana Lopes pretende arruinar. Por aqui se depreende, como encaixando peças de um enorme puzzle de complicações e dissimulações, o objectivo central das políticas e projectos daquele terrível partido (que deveria ser partido, do verbo partir): aproximar Portugal do mundo e da Europa com o auxílio das liberdades e vontades do liberalismo económico, fazendo dos portugueses meros cidadãos do mundo, os quais não devem ver em Portugal mais do que uma parte de um todo Mundo, igual a todas as outras ou ainda menor: menor porque se impõe erradicar-lhe as características que a tornam única.

Nesta questão está patente uma relevante marca cultural, pouco perceptível a muitos dos que leiam este texto - razão pela qual passo a descrevê-la. Necessitamos, para compreender esta marca cultural, de confrontar dois grupos de países: em primeiro lugar, reunimos Estados Unidos, Canadá, Escandinávia e Reino Unido, entre outros que agora pouco importam; em segundo lugar, reunimos os países do Sul da Europa (nos quais incluiremos o nosso) e os países ex-comunistas da Europa de Leste. O que, no que a este tema é remetido, distingue este dois grupos de países é o empenho da sua população na preservação do seu património histórico. Vejamos dois exemplos muito concretos: o centro da cidade de Nova Iorque (Manhattan) é onde predominam as construções mas modernas e altas de toda a cidade; em oposição, o centro de Lisboa é aquela zona da cidade ond se verificam construções mais antigas e com menos pisos, constrastando com zonas mais modernas e mais periféricas, como o Parque das Nações, Portela ou Telheiras. Concluímos assim que o primeiro grupo de países sempre deu prioridade à modernidade, condenando o património histórico: a cidade de Londres, que muitas vezes apelido de capital da Europa, é marcada pela persistência de monumentos históricos, palácios ou igrejas antigas, rodeadas de bairros modernos completamente equipados com tudo aquilo que a vida de hoje exige: os bairros históricos que encontramos em Portugal, Espanha, Itália e Europa de Leste, e até mesmo em França, não encontramos, porém, numa cidade tão ocidentalizada e americanizada como Londres. O Sul da Europa tende a preservar as zonas históricas intactas, mantendo todas as construções, no seu exterior, conforme elas foram edificadas. O Norte da Europa aceita a constante revitalização do centro das cidades através da substituição de construções mais antigas pelas construções mais modernas, conservando apenas os grandes espaços históricos de grande valor individual, como palácios, estátuas e edifícios religiosos. Ao lado deste texto coloco uma imagem da grande estação central de Nova Iorque, um testemunho de outros tempos, rodeada pelos mais modernos prédios. Anexo também uma imagem de um bairro histórico lisboeta onde verificamos a realidade contrária. Reforço então o que anteriorente afirmei: o intuito do horrível partido social democrata (que não é hoje social-democrata, mas sim liberalista) é aproximar Portugal dos Estados Unidos, mitigando aquilo que nos liga ao que sempre fomos com imenso orgulho. Se a sorte nos for avessa, em breve veremos irromper pelas alturas de Alfama uma grande torre de escritórios, com dezenas de pisos de estacionamento automóvel por baixo do solo, assim como as suas ruas, que sobreviveram ao terramoto de 1755, serão alargadas para o livre trânsito na cidade, destruindo todas as construções seculares que por nós são adoradas. E em breve, então, encontraremos um Rossio ladeado de edifícios de vidro, sendo que no centro se manterá sempre a estátua de um rei sobre uma enorme coluna, no futuro observando aquela cidade que já não consegue reconhecer.

A decisão de Lisboa permanecer, ao longos dos séculos, uma jóia intocada onde se reflecte o passado cabe aos lisboetas. Não deixem Lisboa desviar-se do seu caminho.
Camarada Fratírio Telmo

03 agosto, 2009

Em poucos segundos...

Porque me olhas assim? Quem és tu?


Larga-me! Porque me agarras?! Ai! Aleijas-me! PÁRA! Não tens o direito de… Ai, assim caiu! Não me beijes, que nojo!! Pára de… Não rasgues a… Larga as minhas m… Não! NÃO!!!!

AIII! Merda! Larga-me os pulsos… As minhas calças! Não! AII… Eu não queroooo!! Não!!! Deixa-me, não sou tua. Pára, por favor! POR FAVOR!!


Por favor…… Que acabe depressa. Que acabe depressa. Ai, Meu Deus, porquê?! PORQUÊ!! POR FAVOR QUE ACABE DEPRESSA! Por favor…… Quero voltar para a minha família… por favoorrrr!

Acabou… VAI-TE! Já tiveste o que querias! Já me tiveste a mim… Vai-te por favor! Deixa-me sozinha…

Sinto-me tão suja… Terá sido culpa minha? Só pode ter sido. Terei provocado isto? Eu cedi, deixei-o… Não podia fazer nada. Se tivesse mais tapada, se calhar… Odeio a minha roupa! Merda de roupa!! Se eu fosse mais forte, teria… AI, ODEIO-ME!! ODEIO-ME TANTOOO!!!!

Ai, que vergonha! Vá… Não se passou nada… NÃO OLHEM PARA MIM!! Que vergonha… Deixem-me! Não, não tenho nada. Não se passou nada! Não se passou nada…

Menina Violada